Juliana Vieira

  Se a felicidade existe, ela vem de um olhar que abraça nosso desejo de se encontrar. Aquele olhar que chega sorrateiro, inconfundível e às vezes perturbador. Se a felicidade existe, ela vem com uma alma que nos acolhe. Surge imprevisível e atende a exatamente aquilo tudo que, mesmo sem saber, sonhávamos. Se a felicidade existe, ela chega como quem não quer nada e nos arrebata assustadoramente. E nos encontra como uma tela em branco à espera de cores que se misturam, formando imagens despretensiosas. A paixão enebria e faz pulsar  emoções, sentimentos, verdades. Do azul do céu ao vermelho fogo existem milhões de matizes compondo esta sinfonia. Como diz o poeta, a arte não ama os covardes. E o amor é para os fortes. Confere algum significado às nossas vidas efêmeras. A estética dos corpos, a incoerência das palavras brincam de trocar certezas. Despertam sensações inimagináveis. Na intensidade do silêncio, a consciência é plena. Nos abstrato dos sonhos que se entrelaçam harmonicamente,

Sob um céu cinza Sobram restos de mim Estou só e sussurro Vocábulos fragmentados Desesperados Sob um céu cinza De uma cidade sem cor Soam gritos de dor Páginas perdidas De uma ilusão Sob um céu cinza Surgem vidas miseráveis Vítimas sinistras Meros pássaros Acorrentados A um sopro de amor